segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Kitesurf torna Preá, no Ceará, o novo destino de sofisticação ao pé da areia


Esqueça as espreguiçadeiras e os guarda-sóis à beira-mar. Na Praia do Preá, no município cearense de Cruz, os mais de 15 quilômetros de faixa de areia são ocupados por barcos de pesca, quadriciclos e equipamentos aquáticos. O vasto horizonte azul da antiga vila de pescadores, situada a 12 quilômetros de distância da badalada Jericoacoara (onde se aproveitam o agito da vida noturna e passeios em lagoas), é preenchido por pipas de velejo coloridas.

Com ar de paraíso intocado, regido pela brisa quente, o local carrega a fama de ser um dos melhores lugares do mundo para praticar kitesurf. O esporte foi trazido para cá por europeus na década de 2000 e permite ao praticante o velejo pela água.

Os ventos fortes, constantes e úmidos se garantem durante oito meses do ano no ponto turístico, agraciado pela localização próxima à linha do Equador. O “side on shore wind” ou “vento lateral maral”, que se movimenta no sentido do mar para a praia, é considerado ideal e seguro para a modalidade.

A areia branca e fina exibe sempre temperatura agradável por causa da área de restinga e da vegetação rasteira típica da região, que retêm a umidade do solo. A alta temporada se dá de junho a janeiro, com ênfase no trimestre de agosto a outubro, quando a ventania, que diariamente aparece entre 9 e 11 horas, chega a 60 km/hora.

A água, cuja temperatura varia de 25ºC a 30ºC o ano inteiro, não traz interferências como ondas colossais, pedras ou barrancos, que constituem riscos aos praticantes.

Mais de dez escolas oferecem cursos de kitesurf no Preá, que vão do básico ao avançado. Cada aula dura duas horas, e os preços variam de R$ 300 a R$ 350 a hora. Para conseguir desfrutar a sensação de deslizar sob o mar é necessário contabilizar, em média, de dez a 12 horas de aprendizado.

Os equipamentos, computados no orçamento, incluem uma pipa acoplada a uma barra de controle, presa em um cinto de segurança, e a prancha. Para os iniciantes, colete e capacete são indispensáveis. O investimento para quem deseja comprar os próprios apetrechos novos gira em torno de R$ 25 mil.

As horas iniciais de ensino envolvem somente teoria, na faixa de areia, onde o praticante aprende a controlar a barra de comando da pipa. Nesse passo, a dosagem de força e tensão dos braços constitui a principal dificuldade. Depois, chega o momento de partir para o mar. A comunicação com o professor é feita por um rádio conectado ao capacete.

A última etapa é, justamente, o ponto de partida da aventura: a decolagem, o momento mais crítico em termos de acidente, quando o velejador pode ser arrastado pelo vento. O perigo do kite ocorre na areia, A concentração no aqui e agora é um dos segredos para o sucesso no controle do vento, que exige da mente, tal como dos músculos do joelho e do abdômen.

Franceses, italianos, portugueses e ingleses foram os principais frequentadores do Preá por muitos anos. Mas esse cenário se vê em mudança. O local vem ganhando cada vez mais notoriedade entre o público brasileiro, responsável por trazer novos ventos para a terra do kitesurf, que desde 2017 recebe voos domésticos de cidades de São Paulo, Minas Gerais, Fortaleza e Parnaíba, Com o Aeroporto Regional de Jericoacoara a apenas 15 minutos dali.

GQ.Globo

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