quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Governo Lula classifica a tilápia como espécie invasora, mas permite que a gigante JBS importe toneladas do mesmo peixe do Vietnã



Mesmo sendo o 4º maior produtor mundial de tilápia, o Brasil enfrenta críticas após o governo liberar a importação de tilápia do Vietnã, favorecendo concorrentes externos e gerando insegurança entre produtores e trabalhadores do setor aquícola.

Com um mercado que movimenta milhões de reais e sustenta milhares de empregos diretos e indiretos, o setor tornou-se estratégico para a economia brasileira. Por isso, a recente decisão do governo federal de liberar a importação de tilápia do Vietnã gerou indignação entre produtores e especialistas.

Em abril, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) revogou a proibição que impedia a entrada de tilápia proveniente do Vietnã. A medida foi oficializada por publicação no Diário Oficial da União e, desde então, tem sido alvo de fortes críticas.

A Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) classificou a decisão como “imprudente”. Segundo a entidade, “a revogação dessa suspensão desconsidera os riscos sanitários apontados anteriormente e ocorre em meio a tratativas comerciais entre os governos do Brasil e do Vietnã”.

A medida é vista pelo setor como um contrassenso: em vez de fortalecer o mercado interno e proteger a produção nacional, o governo abre espaço para um concorrente direto, que pode afetar empregos e reduzir a renda de famílias brasileiras ligadas à piscicultura.

Segundo a imprensa vietnamita, em 6 de novembro, um contêiner com 24 toneladas de tilápia vietnamita partiu do porto de Ho Chi Minh, com destino ao Brasil. Esse é o primeiro de 32 contêineres, totalizando 700 toneladas, contratados pelo Grupo JBS para abastecer o setor varejista e de alimentação, além do showroom de produtos da empresa. A chegada da carga ao porto de Santos, em São Paulo, está prevista para 17 de dezembro de 2025.

Mesmo com as garantias oficiais de que a criação de tilápia continuará sendo permitida, o setor aquícola vê a decisão com preocupação. O temor é que, em nome de acordos comerciais e decisões técnicas, o governo comprometa um dos segmentos mais promissores do agronegócio brasileiro.

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