sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Escassez de água reduz consumo em perímetros

Os efeitos dos baixos volumes em rios e reservatórios atingem pelo menos cinco perímetros irrigados do Ceará. Na bacia hidrográfica do Curu, produtores e empresas agrícolas já trabalham com diminuição do uso da água vinda dos açudes desde agosto. Nas terras do Baixo Acaraú, gestores e usuários buscam soluções para que os dez dias sem água, vividos no começo deste mês, não precisem se repetir. Tabuleiro de Russas e Morada Nova também enfrentam dificuldades.

No Estado, são 14 áreas planejadas para plantio e desenvolvimento de várias culturas com gerência do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). As terras somam 39 mil hectares e são abastecidas por açudes e rios próximos.

Os reservatórios, que podem suprir a demanda de irrigação nos perímetros, estão em situação alarmante, com apenas 35,9% da capacidade total. O último ano que trouxe chuvas suficientes para recarga dos açudes foi 2009, segundo Ricardo Adeodato, diretor de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh).

O biênio de 2012/2013 foi o pior para armazenar recursos hídricos em 500 anos, aponta Adeodato. A situação do próximo ano é desconhecida e requer uma gestão que evite a falta de água tanto para produtores quanto para o consumo humano. Ainda de acordo com Adeodato, não deve haver paralisação no abastecimento de água para os perímetros.

Os baixos volumes no Estado já fizeram com que os perímetros Curu-Paraipaba e Curu-Pentecoste tenham restrição para irrigar as terras. As águas do açude General Sampaio chegam com vazão menor durante 15 dias e voltam ao normal por outros 15 dias. As medidas foram propostas pela Cogerh e votadas pelos comitês das bacias hidrográficas, compostas por usuários, membros da sociedade civil e do poder público. 

Segundo o presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas do Curu, Paulo Sérgio Mariz, os agricultores reclamam da redução de água, mas precisam entender que o momento exige economia. “O ideal é reduzir gastos desnecessários, como o da irrigação por inundação”, exemplifica.

No início de outubro, cerca de 600 produtores de banana, coco, mamão e outras culturas passaram dez dias sem água no perímetro Baixo Acaraú. Em reunião hoje em Sobral, o comitê deve resolver se adota medidas apresentadas pela Cogerh, como o aumento da vazão das águas que vêm do rio Acaraú. De acordo com o gerente do perímetro, Raimundo Pereira, uma das soluções é fiscalizar a retirada de água em comunidades ao longo do rio.

Situação da bacia
Baixo Acaraú – 7.398,63 hectares Municípios: Acaraú, Bela Cruz e Marco Fontes hídricas: açudes Araras e Edson Queiroz (42,8% da capacidade)