A Comissão Especial da Seca, presidida pelo deputado estadual João Jaime (DEM), recebeu denúncias de que haveria influência política na definição de municípios para perfuração de poços, nesse período de seca
O presidente da Comissão Especial da Seca da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado estadual João Jaime (DEM) quer apurar denúncia de influência política no critério de escolha dos locais para construção de poços no Interior pela Secretaria Estadual dos Recursos Hídricos (SRH). Ele afirmou que recebeu denúncia de prefeitos que teriam procurado a SRH para solicitar a perfuração de poços em seus municípios e teriam sido orientados a procurar a chefia de gabinete do governador Cid Gomes (Pros), responsável por sua articulação política.
“Foi uma denúncia que chegou à comissão. Foram prefeitos que nos procuraram. O prejuízo é que você trata como política e o critério tem que ser técnico. É a SRH quem sabe onde o poço deve ser cavado”, afirmou o deputado, que concedeu entrevista ontem sobre o tema ao programa Grande Jornal, na rádio O POVO/CBN.
Ele afirma que tentará requisitar informações à Secretaria, mas, para isso, tem de submeter o requerimento à comissão, composta por 17 membros. Não há previsão para nova reunião da comissão especial. “Não estamos conseguindo quórum. Tem deputado membro que nunca nem foi a uma reunião. Vou tentar reduzir o número de membros para nove para poder deliberar”, disse João Jaime, afirmando que espera que hoje o assunto seja tratado em reunião da Mesa Diretora da Assembleia.
Ele espera que a comissão aprove o requerimento. “Eu acho que se não existe isso, o Governo não vai se opor a informar. Ele vai se opor se for verdade”, disse. O deputado afirmou ainda que a SRH havia informado neste ano à comissão que seriam construídos até o fim de 2013 1,5 mil poços profundos no Ceará. “Mas o governo já refez os cálculos e informou só vai conseguir 500. Vão faltar mil poços. Muitas comunidades ficarão sem água. As máquinas perfuratrizes que o governo está comprando só vão chegar em fevereiro”.
O secretário executivo da SRH, Ramon Rodrigues, garante que o critério que vem sendo adotado para a perfuração de poços é técnico, por meio da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra).
Quanto ao número de cisternas, ele disse que a previsão de 1,5 mil cisternas incluía outros órgãos do governo e entidades. “Mas só temos capacidade de perfurar de 40 a 50 poços por mês, com a Sohidra, o que dá em torno de 400 e 500 por ano. Tenho impressão de que houve uma dúvida (do deputado) em relação a isso”, disse, acrescentando que está à disposição da comissão para mais esclarecimentos.
O Povo