Conhecido por várias gerações da comunidade da Praia da Volta do Rio, em Acaraú, a embarcação é alvo de diversas lendas desde o seu afundamento. A data mais provável de naufrágio do lendário “Barco de Acaraú” é 13 de março e 1861, conforme os registros da época davam conta do sinistro ocorrido pela embarcação Palpite, encomendada pelo cientista Guilherme de Capanema, amigo de infância de D. Pedro II e um dos líderes da comissão de notáveis, que viajou pelo Ceará entre os anos de 1859 e 1861.
Os pesquisadores, no entanto, acreditam que esta nova fase de investigação, que inclui a arqueologia subaquática, medição de todas as peças e o registro em imagens tridimensionais, ajudará na reconstrução do modelo do barco, um elemento a mais para entender a origem daquele sítio arqueológico e a que o barco realmente se destinava.
Algumas das principais dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores são a alteração do cenário, primeiro pelos inúmeros saques de peças ao longo das décadas; depois pela alteração do cenário, que ao longo do tempo tornou-se um nicho para uma diversidade da fauna marinha. Pelos 50 metros de extensão dos destroços é possível encontrar um verdadeiro cardume.
“Estamos fazendo um mergulho tanto para verificar origem da embarcação como o atual estágio do naufrágio. A gente conta com a mesma tecnologia usada para a descoberta das manchas de óleo pelos pesquisadores do Ceará. Após todas as medições, percebemos que se tratava de uma embarcação até maior do que imaginávamos inicialmente”, explica o pesquisador Augusto Bastos, coordenador da operação, que teve como líder na investigação em arqueologia o professor e pesquisador Flávio Calipo, oceanógrafo e arqueólogo da Universidade Federal do Piauí.
"A gente passou por um processo bastante tempo atrás, conseguindo autorização da Marinha do Brasil para o registro, a documentação, o estudo, sem intervir no sítio. Não estamos tirando nenhuma peça. A ideia é criar um ambiente de pesquisa onde a gente consiga obter, sem tirar nada, informações sobre a história, o naufrágio, e que carga estava sendo transportada”, explica o arqueólogo.
De posse das novas evidências colhidas na operação de mergulho, os pesquisadores esperam, em breve, responder à pergunta: quem foi o "barco Acaraú”.
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