Relatoria do Direito Humano à Educação da Plataforma Dhesca Brasi visitou centros e ouviu pais de internos
“Está prestes a acontecer uma rebelião aqui dentro por causa dos maus tratos dos instrutores”. Em conversa com sua mãe, o relato feito por um adolescente de 17 anos, que cumpre medida socioeducativa no Centro Educacional Patativa do Assaré, na Messejana, resume bem a situação de violação de direitos humanos que muitos jovens que cometeram atos infracionais passam.
Além da violência física, tem também a verbal. Xingamentos de marginais e ladrões são frequentes e partem justamente de quem deveria dar o exemplo e fazer de tudo para evitar conflitos.
Com o intuito de ouvir, do ponto de vista dos responsáveis por esses adolescentes como está a questão do acesso à educação nas unidades, Rosana Heringer, relatora do Direito Humano à Educação da Plataforma Dhesca Brasil realizou, na última terça-feira (6), visita a dois centros educacionais da Capital: Dom Bosco e São Miguel.
Em primeiro lugar, o que mais chamou a atenção da relatora foi a superlotação das duas casas.
Com capacidade para abrigar até 60 pessoas, ambas estão superlotadas. No Centro Educacional Dom Bosco são 160 jovens, enquanto no São Miguel 140.
Há seis meses, o filho da funcionária pública Lidiane Cristina da Silva, 37, de Acaraú, está no Centro Educacional Patativa do Assaré. A cada quinze dias, ela se desloca a Fortaleza para visitá-lo. Preocupada, conta que sempre escuta queixas em relação à forma como é tratado e diz que só não sabe de mais coisas, porque o filho a poupa dos detalhes.
Fortaleza é a primeira capital que a Relatoria visita. Será lançado um relatório com um diagnóstico e recomendações a serem cumpridas. Dentre elas, Rosana adianta que estará a realização de concurso público para instrutores e professores nos centros educacionais e que sejam criadas condições para que os jovens tenham três horas de aula diária.