segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Nos anos 80 população de Maceió já protestava contra a extração de sal que hoje deixa mais de 62mil pessoas sem suas casas


Cinco bairros de Maceió, no estado de Alagoas, estão sofrendo afundamento, e pessoas estão perdendo suas residências da noite para o dia. Maceió decretou recentemente estado de emergência devido ao perigo iminente de colapso em uma mina operada pela Braskem, situada em uma das localidades impactadas, às margens da Lagoa Mundaú, no bairro Mutange. Advertiu-se que uma eventual ruptura nesse ponto específico poderia desencadear uma série de eventos em outras minas.

Desde o início dos anos 2010, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) alertavam para os riscos de afundamento dos bairros de Maceió provocados pela mineração de sal-gema, realizada pela empresa Braskem. Naquela época, um estudo publicado na revista científica Geophysical Journal International mostrou que a exploração do sal-gema poderia causar o afundamento do solo.

Em 2011, outro estudo, publicado na revista científica Engineering Geology, chegou à mesma conclusão. Em 2018, o afundamento começou a se tornar evidente. Em alguns bairros, rachaduras surgiram nas casas e nas ruas. A Braskem foi obrigada a interromper a mineração e a evacuar os moradores das áreas mais afetadas. Em 2020, a Justiça de Alagoas determinou que a Braskem pagasse indenização às famílias afetadas pelo afundamento.

A empresa também foi condenada a reparar os danos ambientais causados. Os pesquisadores da Ufal alertaram para os riscos da mineração de sal-gema, mas suas vozes não foram ouvidas. O resultado é a tragédia que causa prejuízos materiais e emocionais a mais de 62 mil pessoas atingidas.

Nós anos 80, a população de Maceió já protestava contra a mina. Em 1985 em um protesto realizado em 17 de maio trazia faixas e cartazes que tinham os seguintes dizeres: “NÃO DEIXE DUPLICAR A SALGEMA”, “O FUTURO SERÁ CINZA SE O PRESENTE NÃO FOR VERDE”, e “NÃO DEIXE DUPLIAR SEU RISCO”.

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