quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Delator diz que pagou R$ 1 milhão em propina ao senador Eunício Oliveira

Um ex-executivo da Galvão Engenharia afirmou, em delação premiada, que pagou propina para o senador Eunício Oliveira, do MDB, e outros três integrantes do partido. A colaboração do delator Jorge Henrique Marques Valença, ex-superintendente regional da Galvão Engenharia, já foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal, e parte do conteúdo foi revelada pelo jornal “O Globo”. 

A reportagem diz que o delator afirmou que pagou ao menos R$ 1 milhão em propina, em 2012, ao senador Eunício Oliveira, do MDB, em troca da liberação de recursos em obras contra a seca. Na época, Eunício era tesoureiro do partido e, atualmente, preside o Senado. Valença contou sobre uma conversa com o então secretário de Recursos Hídricos do Ceará, César Pinheiro, quando foi cobrar a liberação dos R$ 18 milhões para a obra da barragem Figueiredo.

O jornal reproduziu um trecho do depoimento. Valença disse que se dirigiu à sala de César Pinheiro, que lhe informou que os R$ 18 milhões não seriam liberados sem que antes ele pagasse o valor de R$ 2,5 milhões; que César Pinheiro exclamou: “O Eunício, senador Eunício Oliveira, me mata se ficar sabendo que eu autorizei um pagamento desses sem uma participação para nós. Não dá para passar um valor desses na minha secretaria sem nenhuma participação”. 

O delator contou que não tinha como pagar e diz ter ouvido de César Pinheiro: “Você que se arrume com o governador”. A obra executada pela construtora estava a cargo do DNOCS, Departamento Nacional de Obras contra as Secas. O delator diz que o DNOCS era um reduto de influência de Eunício e de outros políticos do MDB. Em outro trecho reproduzido pelo “Globo”, o delator diz que procurou, no DNOCS, o empresário Ênio Ellery; que Ellery afirmou que a prática era pagar entre 8% e 7% do valor a receber, mas que poderia abrir exceção e a construtora poderia pagar 5%. 

O delator disse que participou de reuniões com Ênio Ellery e uma pessoa chamada Cecil, e que Ellery e Cecil afirmavam que os valores arrecadados seriam partilhados num primeiro momento entre Eunício Oliveira, o ex-deputado Henrique Alves e o ex-ministro Geddel Vieira Lima; que posteriormente Ênio Ellery informou que Fernando Bezerra Coelho teria sucedido Geddel como beneficiário de seu percentual de 1,66% quando assumiu o Ministério da Integração Nacional, em janeiro de 2011.

O que dizem os citados A assessoria de Eunício Oliveira afirmou que o senador não conhece os delatores; que vai processar os acusadores que levantam falsos testemunhos contra ele; que muitas delações não possuem provas e que as doações de empresas ao MDB foram dentro da lei e declaradas ao TSE. 

A assessoria de Henrique Eduardo Alves negou que ele tenha recebido qualquer vantagem indevida decorrente das obras do DNOCS. A defesa de Fernando Bezerra Coelho disse que o senador está confiante na Justiça; que inquéritos com base apenas na palavra de colaborador são meras suposições; e que serão arquivados, como já foi decidido outras vezes pelo STF. 

O MDB afirmou que não vai comentar. O Jornal Nacional não conseguiu contato com as defesas de César Pinheiro, de Ênio Éllery e do DNOCS. O JN não teve retorno da defesa de Geddel Vieira Lima.

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