segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Caciques na mira da Lava Jato terão reeleição difícil

Com o encerramento dos mandatos de senadores e deputados, os principais caciques vão às urnas em 2018 em um cenário adverso: terão de explicar ao eleitor as acusações das quais são alvo, propor saídas para a crise política e enfrentar menor disponibilidade de recursos para financiamento de suas campanhas.

Dos 54 senadores cujos mandatos chegam ao fim, 21 respondem a investigações no STF em ações da Lava Jato ou desdobramentos. Neste quadro, estão nomes de destaque na Casa como Renan Calheiros (MDB-AL), Romero Jucá (MDB-RR), Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente Eunício Oliveira (MDB-CE). Será a primeira eleição geral após o STF ter proibido o financiamento empresarial, em 2015, e depois de a classe política ter sido atingida pela Lava Jato.

Segundo colocado na corrida presidencial em 2014, Aécio enfrentou dificuldades para firmar sua candidatura à reeleição e agora postula uma cadeira na Câmara Federal. O mineiro enfrentou forte desgaste em 2017 após ter sido gravado pelo empresário e delator Joesley Batista. Foi denunciado pelos crimes de obstrução de Justiça e corrupção passiva e afastado duas vezes do mandato pela Justiça.

De olho nas urnas, Eunício se aliou com o governador Camilo Santana (PT), seu adversário nas eleições de 2014, e tem reforçado que ajudou a levar obras importantes para o estado. Empresário com patrimônio de quase R$ 90 milhões declarado à Justiça eleitoral, Eunício não tem dificuldades em custear sua campanha. Sobre as acusações existentes contra ele na Lava Jato, Eunício diz que ficou "chateado" e que as suspeitas não têm fundamento. Ele é acusado de ter vendido medida provisória. Segundo ele, a delação é infundada. "Tenho convicção de que vai ser arquivado. Eu tenho apenas inquérito, não denúncia."

A Lava Jato coloca em risco ainda candidaturas de dezenas de deputados federais espalhados pelo Brasil, e que vão perdendo força em seus berços politicos. Mais do que buscar uma novo mandato ou cargo, os parlamentares querem manter o foro privilegiado e fugir do juiz Sérgio Moro. Se cada um desses parlamentares forem bem-sucedidos nas eleições de outubro, eles garantem a manutenção do foro privilegiado, o que significa poder ser julgados apenas pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em casos de crimes praticados no mandato e em função do exercício do cargo.

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