Um roteiro de fiscalização foi implantado dentro do perímetro da unidade de conservação
O Parque Nacional (Parna) de Jericoacoara precisa de mais investimentos para aperfeiçoar seu funcionamento. Com apenas quatro funcionários para uma área de 8.850 hectares, algumas estruturas herdadas da época da gestão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como a guarita da entrada do Parque na Praia do Preá e a sinalização na trilha para a praia de Jericoacoara estão aguardando novos investimentos para revitalização.
Segundo o chefe do Parque Nacional de Jericoacoara, Wagner Cardoso, as estruturas que foram colocadas na gestão anterior não estavam dentro do orçamento do Parque. Após a troca gestão do Ibama para o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), em 2007 até 2009, houve um período de adaptação e organização para a nova entidade e ainda não havia um orçamento. "A partir de 2009 pudemos começar a fazer solicitações e, apenas em 2011, o Parna Jeri teve feito o seu plano de manejo", ressaltou.
Atrasada
A criação atrasada do plano é uma das consequências do processo de instalação pelo qual o parque passou. Cardoso explica que a linha normal seria a efetivação de uma unidade de conservação com turismo após um estudo, seguido por um plano de manejo e abertura. "Jeri foi ao contrário. Nos anos 80 e 90 houve uma explosão turística com uma forte especulação imobiliária principalmente na década de 90 e, apenas em 2002, foi criada a Área de Proteção Ambiental (Apa) de Jericoacoara". Até 2007 a Vila de Jericoacoara fez parte da Apa, mas a partir daquele ano, passou a ser Distrito de Jijoca, que ficou responsável por sua administração, e a Apa que cerca a Vila se transformou em Parque Nacional. "Houve em 2007 uma troca de limites. Apesar do parque que circula a vila ser um dos menores do Brasil, é também um dos mais visitados, chegando a receber em média 500 a 600 mil turistas por ano".
Sobre as estruturas em situação precária, Cardoso lembra que elas foram implantadas um ano antes da administração do ICMBio ter início, sendo uma iniciativa necessária na gestão do Ibama, mas que não deu certo.
Para a implantação de sinalização ele explica que foi realizado um estudo em conjunto com a Universidade Federal do Ceará (UFC) em uma época de grande estiagem e vários pontos da trilha são alagadiços em período de chuvas. "Alguns pontos são lagoas que estavam secas na época do estudo e implantação, mas que ficaram cheias em 2009. A ação do tempo foi a principal causa de deterioração desses equipamentos", disse o chefe do Parque de Jericoacoara.
Outro ponto levantado por Cardoso é que nunca houve uma normatização do uso dessa trilha e os turistas acabaram por se acostumar a usar o que lhes fosse mais conveniente. "Nunca existiu uma norma da gestão anterior para essa trilha como obrigatória", afirmou.
Já a guarita aguarda a liberação de verba para a contratação de funcionários terceirizados que regulamentem a entrada e visitação no parque. Uma das possíveis soluções apontadas por Wagner seria a concessão para entidades privadas de algumas atividades como a regulamentação da entrada no Parque Nacional. "Essa seria uma das possíveis saídas e uma postura adotada pelo ICMBio em outros parques como o de Foz do Iguaçu", explicou.
A chegada do Aeroporto Internacional de Jericoacoara assim como os grandes eventos internacionais que serão sediados no país são motivo de apreensão. Cardoso alertou que é necessário um investimento em estrutura física e humana para atender esse aumento de demanda. "Hoje já somos poucos funcionários e a estrutura física ainda não é suficiente pois a situação institucional do ICMBio ainda não permitiu tais melhoras, mas elas são extremamente necessárias", salientou Cardoso.
Conscientização
Educação ambiental com palestras e visitas guiadas para alunos do ensino fundamental, médio e graduação (principalmente de turismo) são alguns dos trabalhos realizados dentro da área do Parque. Além disso, atividades de conscientização ambiental nas comunidades e associações do entorno do Parna de Jeri, um programa de rádio semanal, banners, panfletos e folders também são ações de conscientização na região.
Um roteiro de fiscalização preventiva foi implantado dentro do perímetro da unidade de conservação, que consiste em rondas diárias nas trilhas do parque nacional com o apoio de policiais militares da Companhia de Polícia Militar Ambiental (CPMA), que tem por objetivo coibir as infrações ambientais. Cardoso destaca que os principais problemas encontrados são o tráfego desordenado dentro da área de conservação que abre novas trilhas e prejudica o ecossistema, assim como o lixo jogado pelos visitantes.
Mais informações
Parque Nacional de Jericoacoara
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