Acarauense aficionado pela história e pela literatura de Nicodemos Araújo, lamenta em sua rede social que a casa do maior historiador dessa região do Ceará, documentador de episódios de extrema importância para a história do Ceará e do Brasil, produtor de materiais que são hoje o guia de estudantes e professores que estudam os fenômenos sociais nessa parte do estado, está sendo demolida e apagada da memória do povo do Ceará.
"Nicodemos não era somente um Acarauense, era um cidadão do mundo. Já na sua juventude documentava os processos de desenvolvimento dessa cidade e de todas as outras que nasceram no vale do Acaraú.", disse o jovem Jonatas Silveira, que fixou um cartaz com o poema Velha Casa de de autoria do poeta.

"O futuro saberá quem foi Nicodemos, o futuro apagará completamente o resquício de existência de todos que se manteram impassíveis diante dessa irresponsabilidade diante da cultura Acarauense. O futuro apagará qualquer lembrança desses que se importam mais com o valor do imóvel ou de sua candidatura política. O futuro apagará a memória do povo que não soube reclamar ou cobrar a preservação do patrimônio material e imaterial da cidade. Mas o futuro não apagará os versos e reversos de Nicodemos Araújo. O futuro não apagará seus livros e sua memória. O futuro não apagará os versos sobre os carnaubais, sobre o vôo das Garças, sobre os manguezais altaneiros, não apagará os versos sobre seu povo que no seu tempo valorizava seus símbolos históricos e culturais, não apagará seus versos sobre o amanhecer em Acaraú ou sobre o entardecer, que no seu tempo eram a inspiração diária que tinha na porta de sua casinha que hoje é destruída. Os poetas não morrem. Escutem o que estou dizendo. Daqui a 80 anos os versos de Nicodemos continuaram pairando sua amada cidade, por entre as vielas, nos porões, nas esquinas, nas ruas e nas sombras. Mas aqueles que se esqueceram da memória de seu povo e de seus antepassados não restará nem o nome num jazigo esquecido de um velho cemitério.
Nicodemos vive.", finalizou o jovem.
VELHA CASA
Velha casa que foste em minha vida
Ninho feliz onde vivi cantando
Sonhos bons duma quadra inesquecida,
Vêr-te não posso, sem me ver chorando.
Sinto o vento açoitar-te, profanando
O teu silêncio, abandonada ermida.
E ouvindo as velhas portas solfejando,
Julgo escutar minhalma dolorida...
Minha alma deplorando o seu tormento
Como um fantasma que te visitasse
No remoinho tétrico do vento.
E eu sinto, então, que minha dôr infinda,
Como se a chaga mais se aprofundasse,
Mais me compunge e martiriza ainda.
Nicodemos Araújo
Poeta, escritor e historiador Acarauense.
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