Cuba anunciou nesta quarta-feira, 14/11, que vai se retirar do programa Mais Médicos, que durante cinco anos tem enviado especialistas de saúde da ilha ao Brasil, depois que o presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou que iria modificar os termos de colaboração da iniciativa e estabeleceu condições ao governo cubano.
Bolsonaro comparou a atuação dos médicos cubanos no programa Mais Médicos a trabalho escravo e garantiu que, quando assumir o governo, o cubano que quiser pedir asilo, vai ter.
"Eu jamais faria um acordo com Cuba nesses termos. Isso é trabalho escravo, não é nem análogo à escravidão, é trabalho escravo, não poderia compactuar com isso daí", disse Bolsonaro em entrevista coletiva em Brasília.
O presidente eleito também questionou a capacidade dos médicos cubanos, afirmando aos jornalistas "duvidar" que alguém quisesse ser atendido por um dos profissionais de saúde da ilha e afirmando ter relatos de "barbaridades" cometidos por médicos cubanos no país.
A televisão estatal cubana informou, ao ler comunicado do Ministério de Saúde de Cuba, que Bolsonaro, "com referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, tem declarado e reiterado que modificará os termos e condições do programa Mais Médicos, com desrespeito à Organização Pan-Americana da Saúde e ao que foi acordado por esta com Cuba".
Logo após o anúncio de Havana, Bolsonaro foi ao Twitter para afirmar que o governo cubano não aceitou as condições de seu governo para a manutenção da ilha no Mais Médicos, entre elas o pagamento integral dos salários aos profissionais cubanos que atuam no país. De acordo com o presidente eleito, a maior parte dos vencimentos tem como destino a "ditadura" da ilha caribenha, e a decisão cubana de abandonar o Mais Médicos não leva em conta os impactos na saúde dos brasileiros e na integridade dos médicos cubanos.
Os serviços de saúde de Cuba, que estão presentes em 67 países, se tornaram uma das principais fontes de receita em dólares para Havana, assim como o turismo. Por meio da Opas, os médicos cubanos colaboraram na luta contra o Ebola na África e os problemas de visão na América Central e no Caribe, além de estarem presentes em países como Equador, Peru, Chile, México e Venezuela, entre outros.
Com o anúncio da saída de Cuba do programa social Mais Médicos no Brasil, o Ceará deve perder 448 profissionais que, hoje, atuam em 118 municípios. A cidade de Acaraú poderá perder até 10 médicos, Bela Cruz (06), Cruz (01), Itarema (06), Marco (06) e Morrinhos (04).
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