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Eunício teria recebido dinheiro de caixa dois para a campanha ao Governo do Estado em 2014 |
O ex-diretor da Hypermarcas, Nelson Mello, afirmou
em sua delação premiada que pagou, por meio de
contratos fictícios, R$ 5 milhões em caixa dois para a
campanha do senador Eunício Oliveira (PMDB/CE)
ao governo do Ceará em 2014.
O pagamento teria ocorrido a pedido do lobista
Milton Lyra, que foi alvo de buscas determinadas
pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira, 01/07, ele é ligado à cúpula do PMDB no Senado.
Segundo Nelson Mello, Lyra lhe informou que um emissário de Eunício o
procuraria em 2014, e então um sobrinho do senador, de nome Ricardo, pediu
ajuda financeira à candidatura.
"Pagou despesas de empresas que prestava serviços à campanha de Eunício
Oliveira; que ajudou mediante contratos fictícios", disse Nelson de Mello.
O delator informou que foram firmados contratos fictícios com três empresas,
sem a prestação de nenhum serviço. "Ao final se providenciou uma nova nota
fiscal para totalizar R$ 5 milhões", relatou.
Mello também revelou, em sua delação, que chegou a tratar pessoalmente
com o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), sobre
cobranças de pagamentos que o operador Lucio Bolonha Funaro lhe estava
fazendo, segundo Mello, em nome de Cunha. O executivo contou que Funaro
o chamou "para um café" e disse que o texto de uma emenda na medida
provisória nº 627, sobre assunto tributário, de interesse de Mello havia sido
publicado "conforme o acordado" anteriormente com o operador. O trecho
custaria R$ 3 milhões na forma de apoio em campanha eleitoral, mas Mello
relutava em pagar porque entendia que o texto "era diferente do que tinha
sido acordado".
Logo depois desse café, disse Mello, ele "informou" a Eduardo Cunha que o
texto convertido em lei "não atendia" os interesses dele, "pelo contrário, trazia
mais dúvidas". Por isso, Mello entendia que não devia "dar o apoio político".
Em resposta, Eduardo Cunha teria dito, "como que conduzindo o depoente
[Mello] para fora da sala", que "se resolvesse o problema com Funaro, veria
em que poderia ajudar".
Mello disse que depois dessa conversa com Cunha ele aceitou pagar a Funaro
um total de R$ 2,9 milhões por meio de duas empresas controladas pelo
operador. O dinheiro saiu de duas subsidiárias da Hypermarcas. "Os
contratos eram fictícios porque não houve aprestação de serviços", disse
Mello.
CONTRATOS
Nelson Mello relatou ter firmado diversos contratos fictícios com empresas de
Milton Lyra que, segundo ele, eram solicitadas pelo lobista como pedido de
"ajuda para os 'amigos'", mas sem especificar quem receberia os recursos.
Para Nelson Mello, "os amigos seriam os senadores apresentados pelo Milton
Lyra" em um jantar, mas nunca houve referência nominal a eles nos pedidos.
Os senadores citados como os que havia conhecido eram, além de Eunício,
Eduardo Braga (PMDB/AM), Romero Jucá (PMDB/RR) e o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL).
Os contratos fictícios com Lyra para ajudar "os amigos" totalizaram R$ 15,7
milhões, segundo depoimento do delator que consta do pedido de busca e
apreensão contra o lobista.
OUTRO LADO
A defesa do senador Eunício, representada pelo advogado Antônio Carlos de
Almeida Castro, o Kakay, informou que todas as despesas de sua campanha
"estão declaradas e dentro da legalidade". Afirmou que a Hypermarcas fez
doação legal à campanha dele e disse que Ricardo, o sobrinho do senador,
nem conhece Milton Lyra.
Nesta semana, a Hypermarcas divulgou nota afirmando que não é objeto da
investigação e que "não se beneficiou de quaisquer dos atos praticados".
Informou ainda que acertou acordo com Mello por meio do qual "assegurou
ressarcimento integral pelos prejuízos sofridos". Diz também que ele
"autorizou, por iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das
prestações de serviços".
Os senadores Renan, Jucá e Braga tem negado o recebimento de propina ou
envolvimento com irregularidades.
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