quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

DA COLUNA TURISMO DO JORNAL O POVO: Jericoacoara, o paraíso da exploração

"A maioria maioria das pessoas que trabalha em Jericoacoara cobra taxas escorchantes pelos seus serviços"

Sem dúvida alguma Jericoacoara é uma das praias mais lindas do mundo. A primeira vez que estive lá foi em 1980. Existia apenas uma vila de pescadores e era conhecida apenas como Serrote pelos locais. E completamente desconhecida da maioria dos fortalezenses.

 De tempos em tempos, visito Jeri. Fazia, porém, uns dez anos que não ia à praia e fui agora nas minhas férias. Hoje, Jeri é uma praia internacional repleta de cafés, lojas, hotéis e restaurantes. Um lugar agradável de dia e charmoso à noite.

O vai e vem de turistas é constante e a construção de um aeroporto em Jijoca é uma prova do sucesso dessa praia tão bela. Contudo, qual foi minha surpresa ao ver que o paraíso, atualmente, esconde algo de uma impureza flagrante: a ganância de seus habitantes. 

Com gratas exceções, a maioria das pessoas que trabalha em Jericoacoara cobra taxas escorchantes pelos seus serviços. Tudo é caro. Os preços são colocados sem critérios, sem cálculos básicos de compra, gastos, impostos e lucro, fica ao sabor do dono do estabelecimento. 

 É fácil encontrar cardápios com pratos diferentes com preços de R$ 50 em série, um abaixo do outro, ou R$ 75, R$ 80 e por aí vai. Sempre números redondos. Por causa disso, quase não existe troco nem dinheiro miúdo na vila.

Um bugueiro nos cobrou R$ 180 por cabeça por um passeio. No dia seguinte, com a praia vazia, encontramos um por R$ 50. Há pousadas de R$ 470 por casal a diária. Consegui um achado, por R$ 50!

Se você precisar de ajuda em Jeri, serão poucos os que lhe estenderão a mão de graça. Se vacilar, cobram até por uma informação. É preciso estar esperto, pois uma máxima impera por lá: quanto mais você precisar de algo, mais eles vão explorar você. São loucos por dinheiro. 

Segundo a palavra de um policial do Preá: “Jeri está maldito. Não piso lá.” Fiquei triste ao ver tanta exploração. Os turistas em Jericoacora são mercadorias para quem vive deles. Mas nem tudo está perdido. Um chef de cozinha chamado Raimundo Gama, que parou para me ajudar com a moto, que pifou ao chegar lá, foi a grata surpresa de uma pessoa que me hospedou e fez tudo o que pôde para resolver meu problema, apenas pelo gosto de fazer o bem. Homens como Gama, me fazem pensar que Jericoacoara ainda pode ser um paraíso, mas desta vez de honestidade. 

Germano Silveira
escritorsv@hotmail.com
Escritor e redator publicitário