A expectativa do setor é que o Estado garanta 20%, cerca de 500 MW, do certame agendado para o próximo dia 23
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) habilitou 63 projetos do Ceará para o Leilão de Energia de Reserva de 2013, agendado para o próximo dia 23. Ao todo, foram habilitados 377 projetos em oito estados brasileiros. O certame exclusivo para usinas eólicas reúne projetos de geração com capacidade instalada de 8.999 megawatts (MW). O Ceará é o terceiro colocado em número de projetos e em potência (1.487 MW), atrás da Bahia, com 123 projetos e potência de 2.920 MW, e do Rio Grande do Sul, com 94 projetos e potência de 2.006 MW. De acordo com a EPE, o preço inicial da energia será de R$ 117,00/MWh.
Na avaliação do primeiro secretário da Câmara Setorial de Energia Eólica do Ceará, Fernando Ximenes, o Estado deve garantir cerca de 20% do certame, algo em torno de 500 MW. "Esse certame deverá atrair cerca de R$ 2 bilhões em investimentos para o Ceará, além de manter a cadeia produtiva do setor com 20 mil empregos. Vai dar continuidade aos investimentos e à geração de empregos no Estado", destaca. Ele acrescenta que o "teto máximo" de R$ 117,00/MWh vai proporcionar "uma recuperação de valores para os investidores, porque, no ano passado, a energia eólica foi vendida com um preço muito baixo. A média do último certame deu R$ 90,00".
O secretário da Câmara Setorial de Energia Eólica do Ceará acredita ainda que, neste leilão, com o preço inicial da energia de R$ 117,00/MWh e a "lei da oferta e da procura", o deságio será baixo, entre "5% e 10%". "O certame será contemplado entre R$ 100,00/MWh e R$ 110,00/MWh", afirma.
Conforme a EPE, além do Ceará, da Bahia e do Rio Grande do Sul, também foram habilitados projetos do Rio Grande do Norte (41 usinas e 980 MW de potência), Piauí (31 usinas com 913 MW de potência), Pernambuco (14 usinas com 371 MW de potência), Paraíba (9 usinas com 264 MW de potência) e Maranhão (2 e 58 MW de potência).
Os empreendedores que ofertarem o menor preço de venda da energia eólica firmarão Contratos de Energia de Reserva (CER) na modalidade quantidade, com início de suprimento em 1º de setembro de 2015 e prazo de 20 anos.
Novas exigências
O presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, lembra que foi introduzida para este certame uma regra que aumenta o rigor no cálculo da energia que cada empreendimento poderá negociar. Pelo novo procedimento, haverá apenas 10% de probabilidade de o parque produzir menos energia do que a quantidade vendida no leilão. A regra visa aumentar o grau de confiabilidade da fonte eólica para o setor elétrico brasileiro.
"Neste Leilão, a contratação dos parques de geração de energia eólica estará condicionada à garantia de conexão junto à rede de transmissão. Isso elimina o risco de os empreendimentos ficarem prontos e não terem como escoar a eletricidade gerada", observa Tolmasquim.
Segundo Fernando Ximenes, todos os projetos do Ceará atendem a esses critérios e os problemas das linhas de transmissão, que levaram sete parques em construção no município de Acaraú a retardarem suas obras, já foi resolvido. "Está tudo controlado. As linhas já estão começando a ser construídas", garante.
Consumo local
Ainda de acordo com Ximenes, atualmente, o Ceará já opera 605,6 MW de energia eólica, o que representa cerca de 20% de todo o consumo de energia do Estado. Além disso, outros 1.300 MW, de parques em construção e já contratados, devem entrar em operação nos próximos três anos, totalizando 1.905,6 MW. "Se ganharmos mais 500 MW neste certame, teremos 2.400 MW de energia eólica daqui a três anos, o que representa cerca de 77% do consumo de energia do Ceará. Acredito que, até 2020, 100% da matriz energética cearense será eólica", afirma.
Diário do Nordeste