terça-feira, 1 de agosto de 2017

Itarema e Acaraú estão entre os maiores produtores de coco que ganha força com chuvas e valorização do fruto

Após cinco anos de seca, a quadra chuvosa no Ceará (fevereiro, março, abril e maio) finalmente atingiu a média histórica de precipitações neste ano e deixou os produtores de coco mais aliviados, principalmente no perímetro irrigado do Baixo Acaraú, onde eles projetam um crescimento de até 20% em 2017 em relação a 2016.

Na região, atua o produtor Manoel Israel que, pelos anos 1970, deu início à plantação de 40 hectares (ha) de coqueiros em Acaraú. O município, tem a segunda maior área de plantio de coqueiros do Estado (4.137 ha), segundo os dados mais recentes da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2015.

"Chamavam ele de louco", conta o filho de Israel, Lindomar Brandão, sobre o início da produção do pai. Na época, os coqueiros não ocupavam mais do que pequenos quintais. Mal sabiam os críticos que o coqueiral serviria de sustento para a família gerações à frente.

Nas propriedades, que hoje somam 155 ha e também abrangem áreas no município de Marco, o pai, Lindomar, e o irmão, Ideides Brandão, faturam em média R$ 38 mil por mês, a maior parte (R$ 30 mil) com a venda do coco seco, o restante, do verde. O número pode crescer mais neste ano, pois a expectativa é obter uma colheita 20% superior em relação a 2016.

As chuvas de 2017, se não foram suficientes para retomar a produção ao patamar de seis anos atrás, pelo menos serviram para amenizar a situação, de acordo com Lindomar. "Antes da seca, a gente fazia a nossa derruba de dois em dois meses (de coco seco), com 60 a 70 toneladas. Agora, estamos tirando de 35 a 40 toneladas. Do verde, a gente tira hoje 10 mil cocos a cada 15 dias. Antes da seca, eram 10 mil toda semana, e a qualidade era bem melhor", lembra ele.

Neste ano, de maio até julho, Lindomar Brandão diz que houve alta de 60% na colheita do coco verde, ante igual período de 2016. Para o coco seco, o aumento foi de cerca de 50%.

Lindomar, assim como outros produtores no Ceará, vem se beneficiando da escalada no preço do coco seco, que ele vende, atualmente, a R$ 2,40 o quilo. "O termômetro hoje do preço do coco no Ceará é São Paulo. Quando São Paulo para de comprar, o coco baixa de preço. Quando compra muito, o preço sobe, e São Paulo está comprando muito nosso coco, assim como Brasília e Minas Gerais. Quando esfriar muito no Sul, eles dão uma parada lá. Talvez no próximo mês o coco já caia de preço", afirma o produtor.

O fato de haver poucas indústrias que fabricam produtos a partir do coco no Ceará, segundo Lindomar, influencia no alto preço. "Se não fosse o mercado externo, o preço do coco seria muito baixo. A gente tem a sorte de ter esse mercado para fora", comemora ele. O alto preço do coco seco é resultado da combinação entre o período de entressafra do item, que costuma ocorrer entre março e agosto, e os efeitos da seca.

A valorização do produto também vem se beneficiando Benedito Monteiro, 74 anos. Com propriedade de 50 ha em Itarema, no Litoral Leste do Estado, o produtor, conhecido como Binu, diz que hoje vende coco seco a um preço que facilmente ultrapassa a casa dos R$ 2 por quilo. Antes da seca, diz, o preço médio era R$ 0,60.

Itarema é o maior produtor de coco do Estado (4.275 ha), de acordo com dados da PAM de 2015. Há seis anos, Monteiro produzia cerca de 100 mil cocos a cada 60 dias. Atualmente, são apenas 10 mil. "Hoje, está bom, pois caiu a produção, mas melhorou o preço. Eu diminuí a despesa de tirar 100 mil cocos. Agora, o preço de 10 mil é quase o valor de 100 mil cocos", afirma ele.

Os principais mercados de destino da produção de Binu são Rio Grande do Sul e São Paulo. Ele comemora a boa situação hídrica da região em que produz o coco. "Aqui, na sede do município, não existe seca. Minha propriedade fica a cerca de 4 km do litoral. Não tem perigo de termos seca. Mas em outras áreas do município tem seca", afirma.

"Em 2015, eu produzi um tanto. Em 2016, tive queda de 8%. Neste ano, eu vou superar e recuperar a produção. Vou crescer 8%. O setor de coqueiro não depende só de um bom inverno. Está com três ou quatro anos que não temos pragas. Os coqueiros estão muito sadios. Além disso, tivemos um inverno melhor neste ano", conclui.

O Acaraú com Informações do Diário do Nordeste

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